quarta-feira, dezembro 25, 2024
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Censo 2022: Taxa de analfabetismo cai de 9,6% para 7,0% em 12 anos, mas desigualdades persistem

Dados do Censo Demográfico de 2022 mostram que, dos 163 milhões de pessoas de 15
anos ou mais de idade, 151,5 milhões sabiam ler e escrever um bilhete simples e
11,4 milhões não sabiam. Assim, a taxa de alfabetização para esse grupo foi de
93,0% em 2022 e a taxa de analfabetismo foi de 7,0%. No Censo 2010, as taxas de
alfabetização e analfabetismo eram de 90,4% e 9,6%.  

Essas e outras informações fazem parte da divulgação Censo Demográfico 2022
Alfabetização – Resultados do Universo. Os dados estão sendo apresentados hoje
(17), a partir das 10 horas, na quadra da escola de samba Unidos de Vila Maria,
no bairro Jardim Japão, na capital paulista. O evento será transmitido pelo IBGE
Digital e nas seguintes mídias sociais do Instituto: Youtube, Instagrame Facebook. Os dados também podem ser acessados no
SIDRA, no Panorama do Censoe na Plataforma Geográfica Interativa
(PGI), onde poderão ser visualizados
por meio de mapas interativos.  

O tema é investigado desde o primeiro Censo do país em 1872. Em 1940, menos da
metade da população (44,0%) era alfabetizada. 

As pessoas de cor ou raça branca e amarela com 15 anos ou mais de idade tiveram
as menores taxas de analfabetismo, 4,3% e 2,5%, respectivamente. Já as pessoas
de cor ou raça preta, parda e indígena do mesmo grupo etário tiveram taxas de
10,1%, 8,8% e 16,1%, respectivamente. 

Ou seja, as taxas de analfabetismo de pretos e pardos são mais que o dobro das
dos brancos, e a de indígenas é quase quatro vezes maior. No entanto, de 2010
para 2022, a diferença entre brancos e pretos caiu de 8,5 para 5,8 p.p e a
vantagem também ficou menor em relação a pardos (de 7,1 p.p. para 4,3 p.p.) e
indígenas (de 17,4 p.p. para 11,7 p.p).  

Todos os grupos etários tiveram queda na taxa de analfabetismo 

A queda na taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias. Em 2022, o
grupo mais jovem de 15 a 19 anos atingiu a menor taxa de analfabetismo (1,5%) e
o grupo de 65 anos ou mais permaneceu com a maior taxa de analfabetismo (20,3%),
mas teve a maior queda em três décadas, passando de 38,0% em 2000, para 29,4% em
2010 e 20,3% em 2022, uma redução de 17,7 p.p. desde 2000 (queda de 46,7%). 

“Esse comportamento reflete, principalmente, a expansão educacional, que
universalizou o acesso ao ensino fundamental no início dos anos 90, e a
transição demográfica, que substituiu gerações mais antigas e menos educados por
gerações mais novas e mais educadas”, explica Betina Fresneda, analista da
pesquisa. 

Analisando-se as taxas por idade e cor ou raça, o analfabetismo para pretos e
pardos atingiu valores acima de 2% a partir da faixa etária de 25 a 34 anos de
idade, enquanto para brancos isso ocorreu a partir de 35 a 44 anos. A diferença
entre brancos e pretos atinge seu valor máximo para o grupo de 65 anos ou mais
(20,9 p.p.). 

“A elevada taxa de analfabetismo entre os mais velhos é um reflexo da dívida
educacional brasileira, cuja tônica foi o atraso no investimento em educação,
tanto para escolarização das crianças, quanto para a garantia de acesso a
programas de alfabetização de jovens e adultos por uma parcela das pessoas que
não foram alfabetizadas nas idades apropriadas”, diz a analista da pesquisa. 

Apenas na faixa de 65 anos ou mais, alfabetização de homens é maior do que a de
mulheres 

Em 2022, o percentual de mulheres que sabiam ler e escrever era de 93,5%, ante
92,5% dos homens. A vantagem é verificada em todos os grupos etários, exceto
entre os de 65 anos ou mais de idade, com 79,9% para homens e 79,6% para as
mulheres. A maior diferença foi no grupo de 45 a 54 anos, 2,7 p.p a mais para as
mulheres. 

Taxa de analfabetismo em pequenos municípios é quatro vezes maior do que a de
cidades acima de 500 mil habitantes 

A taxa de analfabetismo foi abaixo da média nacional somente nos municípios
acima de 100.000 habitantes. Os 1.366 municípios com população entre 10.001 e
20.000 habitantes apresentaram a maior taxa média de analfabetismo das pessoas
de 15 anos ou mais (13,6%). Essa taxa é mais de quatro vezes maior do que aquela
calculada para os 41 municípios cuja população era acima de 500.000 habitantes
(3,2%). 

“A alfabetização é de responsabilidade dos municípios e está diretamente
relacionada aos recursos que os municípios têm para investir em educação. A taxa
de analfabetismo é menor nos municípios acima de 100 mil habitantes porque eles
dispõem de mais recursos e infraestrutura para educação, além de outros fatores
como localização, idade média e áreas urbanas ou rurais”, ressalta Betina
Fresneda. 

Em todas as classes de tamanho, os cinco municípios com menor taxa de
analfabetismo são da Região Sul ou de São Paulo. Na faixa de até 10 mil
habitantes os destaques são: São Joao do Oeste/SC (0,9%), Westfália/RS (1,1%),
Rio Fortuna/SC (1,2%), Águas de São Pedro/SP (1,2%) e São Vendelino/RS (1,3%).
Entre os municípios acima de 500 mil habitantes destacam-se Florianópolis/SC
(1,4%), Curitiba/PR (1,5%), Joinville/SC (1,6%), Porto Alegre/RS (1,7%) e Santo
André/SP (2,0%). 

Já as maiores taxas de analfabetismo foram encontradas na Região Nordeste, que
reuniu 22 dos 25 municípios selecionados. As maiores taxas estão nas classes de
até 10 mil habitantes, todos do Piauí – Floresta do Piauí (34,7%), Aroeiras do
Itaim (34,6%), Massape do Piauí (34,3%), Paquetá do Piauí (34,3%) e Padre Marcos
(34,0%); e na faixa de 10 mil a 50 mil habitantes – Alto Alegre/RR (36,8%),
Estrela de Alagoas/Al (34,2%), Traipu/AL (32,7%), Pedro Alexandre/BA (31,9%) e
Amajari/RR (31,8%). 

Pessoas residentes e taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de
idade por classes de tamanho da população dos Muncípios, segundo municípios
selecionados – Brasil- 2022    Municípios com as 5 menores taxas de
analfabetismo  Municípios com as 5 maiores taxas de analfabetismo  Município
Taxa Município Taxa Até 10 mil São João do Oeste (SC) 0,9 Padre Marcos (PI) 34,0
Westfália (RS) 1,1 Paquetá (PI) 34,3 Rio Fortuna (SC) 1,2 Massapê do Piauí (PI)
34,3 Águas de São Pedro (SP) 1,2 Aroeiras do Itaim (PI) 34,6 São Vendelino (RS)
1,3 Floresta do Piauí (PI) 34,7   Município Taxa Município Taxa Mais de 10 mil
até 50 mil Bom Princípio (RS) 1,3 Amajari (RR) 31,8 Feliz (RS) 1,4 Pedro
Alexandre (BA) 31,9 Pomerode (SC) 1,4 Traipu (AL) 32,7 Dois Irmãos (RS) 1,4
Estrela de Alagoas (AL) 34,2 Teutônia (RS) 1,4 Alto Alegre (RR) 36,8   Município
Taxa Município Taxa Mais de 50 mil até 100 mil São Bento do Sul (SC) 1,7 Coroatá
(MA) 23,8 Campo Bom (RS) 1,8 Boa Viagem (CE) 24,3 Itapema (SC) 1,9 Icó (CE) 25,9
Farroupilha (RS) 1,9 Buíque (PE) 28,8 Indaial (SC) 2,0 Granja (CE) 29,0  
Município Taxa Município Taxa Mais de 100 mil até 500 mil São Caetano do Sul
(SP) 1,2 Itabaiana (SE) 16,0 Balneário Camboriú (SC) 1,2 Caxias (MA) 17,5
Blumenau (SC) 1,4 Lagarto (SE) 18,4 Jaraguá do Sul (SC) 1,4 Breves (PA) 18,9
Santos (SP) 1,6 Codó (MA) 22,3   Município Taxa Município Taxa Mais de 500 mil
Florianópolis (SC) 1,4 Feira de Santana (BA) 6,6 Curitiba (PR) 1,5 Natal (RN)
6,6 Joinville (SC) 1,6 Teresina (PI) 7,1 Porto Alegre (RS) 1,7 Jaboatão dos
Guararapes (PE) 7,2 Santo André (SP) 2,0 Maceió (AL) 8,4

Sul e Sudeste têm taxa de alfabetização acima de 96% 

A Região Sul continuou com a maior taxa de alfabetização, que aumentou de 94,9%
em 2010 para 96,6% em 2022. Em seguida, está a da Região Sudeste, passando de
94,6% em 2010 para 96,1% em 2022. A taxa da Região Nordeste permaneceu a mais
baixa, apesar do aumento de 80,9% em 2010 para 85,8% em 2022. A segunda menor
taxa de alfabetização é a da Região Norte, cujo indicador seguiu a tendência
nacional, aumentando de 88,8% em 2010 para 91,8% em 2022, ficando um pouco mais
próxima da Região Centro-Oeste, que passou de 92,8% em 2010 para 94,9% em
2022.  

Taxa de analfabetismo do Nordeste continua sendo o dobro da média nacional 

O analfabetismo na Região Nordeste (14,2%) continuou sendo o dobro da média
nacional (7,0%) – em 2010, as taxas eram, respectivamente, de 19,1% e 9,6%. As
taxas de analfabetismo do Norte e do Nordeste tinham, em 2022, valores acima de
2% desde o primeiro grupo de idade. No Centro-Oeste, isso ocorreu a partir de 35
a 44 anos e para no Sul e Sudeste apenas a partir de 45 a 54 anos.  

Enquanto entre as pessoas com até 44 anos a taxa de analfabetismo era menor que
2% nas regiões Sudeste e Sul, o grupo mais novo, de 15 a 19 anos, sequer tinha
alcançado percentuais de analfabetismo abaixo de 2% nas regiões Norte (2,2% de
analfabetos) e Nordeste (2,4% de analfabetos). Pessoas com 65 anos de idade ou
mais no Nordeste têm taxa de analfabetismo (39,4%) 3,5 vezes maior do que a
registrada na Região Sul (11,3%) para o mesmo grupo etário. 

Santa Catarina tem a maior taxa de alfabetização, Alagoas, a menor 

Entre as unidades da federação, as maiores taxa de alfabetização foram
registradas em Santa Catarina, com 97,3%, e no Distrito Federal, com 97,2%, e as
menores, em Alagoas, com 82,3%, e no Piauí, com 82,8%. Em 2010, a diferença
entre a maior e a menor taxa de alfabetização, isto é, entre o Distrito Federal
e Alagoas, era de 20,9 p.p., enquanto, em 2022, esse diferencial caiu para 15,0
p.p. entre Santa Catarina e Alagoas. Entre os censos de 2010 e 2022, Alagoas foi
a unidade da federação que mais aumentou o percentual de pessoas de 15 anos ou
mais alfabetizadas, com uma expansão de 6,7 p.p., resultado que, no entanto, não
foi suficiente para retirá-la da última posição. 

Taxa de alfabetização das pessoas indígenas foi 85,0% em 2022 

No Censo 2022, definiu-se como pessoas indígena aquela que reside em localidades
indígenas e se declarou pelo quesito “cor ou raça” ou pelo quesito “se considera
indígena”, e, também, a pessoa que vive fora das localidades indígenas e se
declarou no quesito “cor ou raça”. Por isso, o total de pessoas indígenas pode
ser superior ao total de pessoas de cor ou raça indígena. 

Os resultados do Censo Demográfico 2022 mostram que havia no país 1.187.246
pessoas indígenas de 15 anos ou mais de idade, das quais 1.008.539 sabiam ler e
escrever um bilhete simples e 178.707 não sabiam. Ou seja, a taxa de
alfabetização das pessoas indígenas foi de 85,0% em 2022, abaixo da taxa
nacional, de 93,0%. A taxa de analfabetismo dessa população foi de 15,1%, acima
da taxa nacional de 7,0%.  

As taxas de alfabetização mais elevadas das pessoas indígenas são encontradas no
Sudeste (91,7%), Sul (89,4%) e Centro-Oeste (87,3%). As mais baixas no Nordeste
(82,0%) e Norte (84,7%).   

Taxa de analfabetismo das pessoas indígenas caiu em todas as regiões e faixas
etárias 

De 2010 para 2022, a taxa de analfabetismo das pessoas indígenas caiu de 23,4%
para 15,1%. Houve redução em todas as grandes regiões, sendo a queda mais
expressiva observada na Região Norte (de 31,3% para 15,3%), seguida da Região
Centro-Oeste (de 20,8% para 12,7%) e da Região Nordeste (de 24,4% para 18,0%). A
Região Sudeste teve a menor queda na taxa de analfabetismo das pessoas
indígenas, que passou de 10,5% para 8,3%, e o Sul, a segunda menor, passando de
15,7% para 10,6%. 

A queda na taxa de analfabetismo das pessoas indígenas ocorreu em todas as
faixas etárias, com as maiores reduções nas faixas de 35 a 44 (de 22,9% para
12,0%), 55 a 64 (de 38,3% a 27,4%) e 25 a 34 anos de idade (de 17,4% para 6,7%).
“Isso é reflexo do investimento na educação diferenciada de crianças, jovens e
adultos indígenas, no período intercensitário, e a ampliação do pertencimento
étnico-indígena fora das Terras Indígenas, quando comparado com 2010”, diz Marta
Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE. 

Os homens indígenas de 15 anos ou mais têm taxa de alfabetização de 85,7%, 1,4
p.p. acima da taxa de alfabetização das mulheres indígenas (84,3%). A
desagregação da taxa de alfabetização das pessoas indígenas por sexo e grupos de
idade demonstra que as mulheres indígenas têm taxa de alfabetização ligeiramente
superior entre os 15 e 34 anos de idade. A partir dos 35 anos, a taxa de
alfabetização dos homens indígenas se torna superior, com diferenças maiores
(4,7 p.p.) para o grupo de 65 anos ou mais, o que aponta para um possível maior
acesso das mulheres indígenas à educação nas faixas de idade mais jovens.  

Mais sobre a pesquisa 

Com a pesquisa “Censo 2022 Alfabetização: Resultados do Universo”, o IBGE traz a
público mais uma divulgação temática dos resultados do Censo Demográfico 2022,
abordando as informações relativas à alfabetização da população brasileira. 
Nesta divulgação, os dados disponibilizados contemplam os recortes Brasil,
Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios e estão desagregados,
também, segundo a cor ou raça, pessoas indígenas, sexo e os grupos de idade dos
moradores.  

Fonte: http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40098-censo-2022-taxa-de-analfabetismo-cai-de-9-6-para-7-0-em-12-anos-mas-desigualdades-persistem.html

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