A gravidade dos eventos climáticos que têm se sucedido no território nacional
exige a recuperação do papel do planejamento no ecodesenvolvimento
socioeconômico sustentável.
Neste momento, de especial atenção ao estado e municípios gaúchos assolados
pelas chuvas, o IBGE não poderia deixar de colaborar nas ações que estão em
curso, desenvolvidas pelo governo federal, estadual e das prefeituras gaúchas,
especialmente as cidades com grande parte do seu território atingido por
inundações.
Isto exige um reposicionamento do Plano de Trabalho do IBGE estabelecido para o
ano de 2024, e, deste modo, a decisão da direção do Instituto em criar uma
força-tarefa reunindo seus servidores e técnicos especializados, para oferecer
subsídios que permitam a recuperação do planejamento nacional, especialmente no
território do Rio Grande do Sul, que precisará de uma soma de esforços para
enfrentar os resultados desta tragédia.
O IBGE, sendo a principal instituição pública de pesquisas do país, com os mais
apurados e amplos cadastros, mapas e conjunto de dados que permitem construir
uma resposta à altura do que é necessário para o estado do Rio Grande do Sul,
decidiu antecipar a divulgação para esta terça-feira, 21 de maio, às 10 horas,
dos microdados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE).
Os dados dos endereços do Rio Grande do Sul, e de cada um dos mais de 106
milhões de endereços coletados no Censo Demográfico 2022 serão divulgados com os
atributos completos de endereçamento, de acordo com o padrão utilizado pelo
IBGE, incluindo logradouro, número e modificador, complemento, localidade, CEP,
espécie da unidade visitada, tipo de edificação, nomes dos estabelecimentos
entre outros. Serão disponibilizados também o dicionário de dados com a
caracterização do conteúdo e um documento com orientações de uso destes dados
por conta da antecipação.
Esta ação se soma a outras que o Instituto vem desenvolvendo em igual sentido no
RS, como a cessão de seus veículos para o resgate e transporte das vítimas das
chuvas e alagamentos, ou a mobilização dos servidores e servidoras em ajuda
humanitária, na qual a equipe se pôs em campo auxiliando no transporte de
pessoas resgatadas por barcos em áreas alagadas de Porto Alegre, e auxiliando na
distribuição de doações e água potável, trabalhando lado a lado com outros
voluntários. Foram cerca de 8 mil litros entregues pelos servidores do IBGE, nos
veículos do instituto, para hospitais, abrigos, associações e cozinhas
solidárias em Porto Alegre.
Outra ação nesta linha foi o lançamento do SINGED Lab, laboratório de inovação
do Instituto, formado por equipe multidisciplinar de servidores e servidoras de
diferentes áreas, com o objetivo de compartilhar informações técnicas,
estatísticas, geocientíficas e de dados produzidas pelo IBGE, e centralizadas no
Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados (SINGED).
Em sua criação, em 1936, o IBGE foi fundamental para estabelecer as bases
territoriais que permitiram ao Brasil construir uma sociedade urbana industrial
moderna, feita pelo planejamento com bases técnicas consolidadas.
Neste novo quadro, de aceleração dos efeitos devastadores das mudanças
climáticas, faz-se necessário superar a fragmentação e desintegração setorial no
conjunto de informações. Por meio de dados abertos, a experimentação
constitutiva de laboratórios das inovações técnicas, e com vocação e expertise
técnica quase nonagenária, o IBGE se coloca à disposição do Estado brasileiro
para oferecer subsídios que permitam ao país a mitigação, e eventual superação
dos efeitos climáticos adversos na consolidação e desenvolvimento da rede de
políticas públicas aplicadas.
Marcio Pochmann
Presidente do IBGE
Fonte: http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40142-o-ibge-na-recuperacao-do-planejamento-para-o-ecodesenvolvimento-sustentavel.html