Na passagem de abril para maio, a produção industrial do país recuou 0,9%. Foi o
segundo mês consecutivo de queda, período em que acumulou perda de 1,7%. Com
isso, o setor eliminou o ganho de 1,1% que havia acumulado entre fevereiro e
março deste ano. Os resultados de maio levaram a indústria a operar 1,4% abaixo
do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 17,8% abaixo do
maior nível da série, alcançado em maio de 2011. Os dados são da Pesquisa
Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (3) pelo IBGE.
“Em maio, houve predominância de resultados negativos de forma geral, com queda
na margem e na comparação com maio do ano anterior, interrupção da trajetória
ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo
de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores. Nesse mês, a
indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e
um dos fatores que explicam esse resultado são as chuvas no Rio Grande do Sul,
que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado
negativo na indústria do país”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.
Das 25 atividades investigadas pela pesquisa, 16 recuaram em maio. As duas
maiores influências negativas para o resultado geral da indústria foram
exercidas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos
alimentícios (-4,0%). De acordo com André, os dois setores sofreram os impactos
das enchentes do Rio Grande do Sul.
“No setor de veículos automotores, houve o impacto direto e indireto das plantas
industriais locais que paralisaram durante um tempo. Nesse período, tanto a
montadora de veículos quanto as fábricas de autopeças registraram paralisações
em suas produções em decorrência das chuvas e isso afetou também o abastecimento
para a produção de bens finais no resto do país. Houve, por exemplo, a concessão
de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar
os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio
Grande do Sul”, lembra o pesquisador, que destaca ainda outros fatores que
justificam a queda de dois dígitos na atividade, como a paralisação por conta de
greve em outra montadora e a base de comparação elevada. Em abril, o setor de
veículos havia avançado 13,8%.
No caso de produtos alimentícios, maio foi o segundo mês seguido de queda,
acumulando perda de 4,7% no período. “A retração no processamento da
cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda
quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os
impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão
as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são
produtos que têm grande peso no setor”, destaca André. A atividade de produtos
alimentícios responde por cerca de 15% da produção industrial do país.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os
de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%),
produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%),
impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Já os principais impactos positivos sobre o resultado geral da indústria vieram
das indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis (1,9%). “Esses dois segmentos têm grande peso e evitaram uma
queda maior no resultado da indústria. O crescimento do setor extrativo veio
após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação
mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o
petróleo e o minério de ferro”, diz o gerente.
Com o resultado positivo de coque, produtos derivados do petróleo e
biocombustíveis, há o ganho acumulado de 3,1% no ano nessa atividade. “O avanço
desse setor em maio eliminou parte da perda que tinha acumulado nos cinco meses
anteriores (-4,2%). Entre os produtos desse segmento, apenas o álcool teve
resultado negativo nesse mês, também influenciado pelo processamento da
cana-de-açúcar”, explica André.
As demais atividades com resultados positivos foram equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material
plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e
celulose, papel e produtos de papel (0,1%).
Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram:
bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários
(-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%).
Na comparação interanual, produção industrial cai 1,0%
Em relação a maio do ano passado, a indústria recuou 1,0% e o resultado negativo
atingiu 14 dos 25 ramos pesquisados. As principais influências negativas sobre o
resultado da indústria vieram dos setores de coque, produtos derivados do
petróleo e biocombustíveis (-3,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias
(-6,0%), máquinas e equipamentos (-8,9%), metalurgia (-5,6%) e produtos químicos
(-3,6%).
Outros recuos que contribuíram para o resultado negativo do setor industrial
foram os dos ramos de produtos do fumo (-22,9%), de produtos diversos (-11,5%) e
de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-6,9%).
Do lado positivo, produtos alimentícios (1,5%), máquinas, aparelhos e materiais
elétricos (9,4%) e celulose, papel e produtos de papel (5,5%) foram as
atividades com maior influência sobre o índice geral.
“Nessa comparação, o movimento de queda reverte um crescimento importante
registrado no mês anterior, que havia sido o mais acentuado desde junho de 2021.
Em maio, a maior parte das atividades teve resultado negativo e, além do impacto
das chuvas no Rio Grande do Sul, houve o efeito calendário, já que maio teve dia
útil a menose a base de comparação mais elevada
(1,9%, também em maio do ano passado)”, analisa André.
Com o resultado de maio deste ano, a indústria acumula alta de 2,5% nos
primeiros cinco meses do ano. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o setor
avança 1,3%, o que indica redução na intensidade do ritmo de crescimento quando
comparado ao resultado de abril (1,5%).
Mais sobre a pesquisa
A PIM Brasilproduz
indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do
produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de março de
2023, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção
industrial, após reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e
informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em
estatísticas industriais mais recentes; atualização do ano base de referência da
pesquisa; e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos
resultados regionais da pesquisa. Essas alterações metodológicas são necessárias
e buscam incorporar as mudanças econômicas da sociedade. Os resultados da
pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra.A próxima divulgação, relativa a junho de 2024, será em 2 de agosto. Os
resultados da pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra.Palavras-chave: Produção industrial recua 0, 9% em maio, segundo mês seguido de
queda
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Fonte: http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40549-producao-industrial-recua-0-9-em-maio-segundo-mes-seguido-de-queda.html