quarta-feira, dezembro 25, 2024
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Com edição especial, IBGE lança primeira edição do 69° volume da Revista Brasileira de Geografia

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou hoje (30) a primeira edição do 69° volume da Revista Brasileira de Geografia (RBG). A edição especial marca o centenário de nascimento de dois grandes nomes da Geografia brasileira, do campo da Geomorfologia nacional, Antonio Teixeira Guerra e Aziz Ab’Saber. Como homenagem, o volume disponibiliza os links de acesso às obras de Antonio Teixeira Guerra e Aziz Ab’Saber publicadas na RBG. A edição disponibilizada traz também três artigos, uma nota técnica, dois ensaios, duas entrevistas e um mapeamento. 

“Depois de muito tempo, estamos fazendo uma capa da Revista sem nenhuma análise espacial. Optamos por colocar as fotos de Guerra e Aziz. Neste ano, estamos comemorando o centenário de nascimento dos dois, que foram geomorfólogos importantes no Brasil. Estamos colocando como parte das comemorações do centenário, um mapeamento que foi feito identificando as áreas do território brasileiro que foram alvos de estudos do Aziz, isso dá visibilidade da área que cobre o trabalho dele em território nacional, e homenagens ao Guerra, que foi funcionário do IBGE”, explicou a editora-executiva da revista, Maria Lúcia Vilarinhos. 

Antonio Teixeira Guerra foi servidor do IBGE e, dentre suas contribuições está o “Dicionário Geológico-Geomorfológico”, publicado pela primeira vez em 1954 pela Comissão de Geografia do Instituto Pan-Americano de Geografia e História, as edições seguintes, até 1993, foram lançadas pelo IBGE. Além do Dicionário, Guerra publicou vários artigos e outros trabalhos no IBGE, pela RBG e pelo Boletim Geográfico, os links de acesso à versão digital estão disponíveis ao final da 69° edição da Revista. 

Nessa edição, há um ensaio de Rosangela Garrido Machado Botelho e André Luiz Ferreira, geógrafos e geomorfólogos da Coordenação de Meio Ambiente da Diretoria de Geociências do IBGE. Rosangela desenvolveu sua dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob orientação do professor Antonio José Teixeira Guerra, filho de Antonio Teixeira Guerra, o que permitiu um profundo conhecimento acerca da vida do geógrafo. O ensaio aborda a trajetória profissional e a produção intelectual de Guerra. A edição conta com uma entrevista com Antonio José Teixeira Guerra, professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acerca da vida e obra de seu pai. 

Como homenagem ao professor Aziz Ab’Saber, está disponível nesta edição um mapeamento que identifica localidades e regiões que foram objetos de suas pesquisas, tendo resultado em artigos e trabalhos publicados. Os que foram publicados pela RBG têm o link de acesso disponibilizado ao final desta edição. O mapeamento é feito a partir da Plataforma Geográfica Interativa (PGI), desenvolvida pela Diretoria de Geociências do IBGE. Há ainda uma entrevista com o professor Jurandyr Sanchez Ross, geógrafo e geomorfólogo do departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), formulador de inovações acerca desse campo de pesquisas no Brasil, em que ele discorre sobre a convivência com Aziz e a influência dele em sua formação. 

Além das homenagens, os principais destaques desta edição são os três artigos. Com tema “Potencial da cartografia para o estudo da dinâmica imobiliária: Estudo de caso em Niterói, RJ”, o primeiro artigo, de autoria de Rômulo Weckmüller Vieira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rubens Moreira Carvalho e Daniel Sanfelice, ambos da Universidade Federal Fluminense (UFF), utiliza uma base de anúncios de jornal, de 1970 a 2010 e dados de transações imobiliárias do município de Niterói, de 2014 a 2021 para analisar o processo de expansão urbana da cidade. Os autores mostraram quais os vetores de transformação imobiliária, as regiões de crescimento e estagnação, e os períodos de valorização dos imóveis naquele município. Maria Lúcia explicou que o artigo utiliza o mapeamento para analisar a dinâmica urbana da ocupação e da expansão da cidade. 

O segundo, com tema “Mudanças recentes (1987-2019) da margem leste do estuário da foz do rio Pará, dominado por macromaré (Amazônia Oriental-Brasil)” quantifica as áreas em erosão ou acreção da linha de costa da margem leste do Estuário do Rio Pará, e utiliza uma análise multitemporal através de emprego de imagens de satélite Landsat (1987 a 2019), indicando o predomínio geral de acreção da linha de costa. Os autores Diandra Karina Martins Guimarães, Maâmar El-Robrini, Renan Peixoto Rosário e Rafael Alexandre Alves Menezes, são da Universidade Federal do Pará. “O artigo é uma análise sobre uma área que é um estuário super complexo, uma mistura de água doce e salgada. É uma análise do tempo para ver se o Rio Pará mais erodiu na foz, se houve acréscimo de sedimentos ou se houve retirada. Eles analisam com um recorte temporal definido e pelas imagens é possível ver que o Rio Pará, no período analisado, mais depositou sedimentos que retirou”, explicou a editora-executiva da revista. 

Já o terceiro artigo, de Laymara Xavier-Sampaio, Liana Rodrigues Queiroz, Manuella Maciel Gomes, Maria Ligia Farias Costa, Maria Elisa Zanella e Marcelo Freire Moro, da Universidade Federal do Ceará, faz o levantamento, a partir do uso de técnicas de geoprocessamento, do total de áreas de vegetação remanescente no município de Fortaleza, calculando a extensão total de áreas que estão dentro de unidades de conservação e o grau de degradação de sua cobertura vegetal, além de mensurar o total de áreas de remanescentes que estão sem proteção jurídica pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação. “O artigo mede a eficiência das unidades de conservação na cidade. As autoras fizeram um levantamento e analisaram a efetividade da conservação, ou seja, o quanto criar essas unidades de fato protege as áreas de conservação”, pontuou Vilarinhos. 

Com autoria de Jefferson Gomes, Confessor da Universidade Federal de Catalão, Lara Luíza Silva e Silvio Carlos Rodrigues, ambos da Universidade Federal de Uberlândia, a nota técnica “Infiltrômetro de anéis duplos semiautomáticos de carga pouco variável” tem como objetivo apresentar a utilização desse equipamento. Já o ensaio de Valdir Roque Dallabrida, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, aborda a discussão sobre desenvolvimento com enfoque territorial no Brasil. 

“Quando lançamos uma edição, já estamos trabalhando no número seguinte. Após divulgar esse número, vamos lançar um edital para um dossiê sobre clima urbano, onde um grupo de professores da Universidade Federal de Viçosa vai coordenar a seleção dos artigos deste tema super atual com o que estamos vivendo. Temos também outro dossiê, que são artigos de pesquisadores da UFRJ e de outras universidades sobre trabalho de campo em geografia no Jalapão, no Tocantins. Já estamos trabalhando nesses dois temas, já temos artigos submetidos e a expectativa é que o número do ano que vem seja bem robusto”, concluiu Maria Lúcia Vilarinhos. 

Sobre a Revista Brasileira de Geografia

Editada pelo IBGE, a Revista Brasileira de Geografia (RBG) é uma das mais antigas e respeitadas publicações técnico-científicas brasileiras na área de Geografia e ciências afins. Com pequenas interrupções, a RBG foi publicada quadrimestralmente por quase 70 anos, entre 1939 e 2006, sendo considerada um periódico de referência.

Muitos de seus artigos abriram importantes fronteiras de conhecimento, tornando-se clássicos, tanto no país quanto no exterior. Em 2016, o Instituto voltou a publicar a revista em novo formato — como edição eletrônica semestral.

Fonte: Agência de Notícias – IBGE

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