Em 2023, a taxa de inovação das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas no Brasil foi de 64,6%. Esse percentual se refere àquelas empresas que introduziram algum produto novo ou substancialmente aprimorado e/ou incorporaram algum processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou mais de suas funções de negócios. O índice de 2023 é 3,5 pontos percentuais inferior ao verificado em 2022 (68,1%) e 5,9 pontos percentuais menor do que o de 2021 (70,5%).
Os dados divulgados hoje (20) pelo IBGE são da Pesquisa de Inovação (PINTEC) Semestral 2023: Indicadores Básicos, levantamento de caráter experimental realizado em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esta edição traz informações sobre aspectos da conduta inovativa das empresas, dificuldades e obstáculos para inovar, arranjos cooperativos estabelecidos, realização e montante de dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), evolução e expectativas sobre realização de atividades e dispêndios em P&D, e apoio público à inovação.
“A taxa de 2021 foi relativamente alta nesse período pós-pandemia, o que é esperado, uma vez que você vem de um período de depressão. Os anos seguintes, então, podem ser anos de ajuste, dentro de um outro cenário macroeconômico. Cai, mas com certa estabilidade dentro do contexto. Outra explicação possível é a queda na taxa de investimento da economia, de 17,9% em 2021 para 17,8% em 2022 e 16,4% em 2023”, destaca Flavio Peixoto, gerente da pesquisa.
Os setores mais inovadores em produto e/ou processo de negócios em 2023 foram os seguintes: Fabricação de produtos químicos (88,7%), Fabricação de máquinas e equipamentos (88,0%), Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85,3%) e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (82,4%). Já as menores taxas de empresas inovadoras eram dos ramos de Fabricação de produtos do fumo (38,7%) e Fabricação de produtos de madeira (31,2%).
No detalhamento por tipo de inovação implementada, em 2023, 34,4% das empresas inovaram tanto em produto quanto em processo de negócios; 16,6% inovaram apenas em processo de negócios e 13,6% inovaram apenas em produto.
Inovações em processo de negócios foram maioria em 2023, mas percentual de empresas que inovaram dessa forma diminuiu
Em geral, as empresas foram mais inovadoras em processo de negócios (51,0%) do que em produto (48,0%). Os setores de Máquinas e equipamentos (76,1%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (64,5%) e Farmoquímicos e farmacêuticos (63%) foram os mais inovadores em processos, enquanto os setores mais inovadores em produtos foram Fabricação de produtos químicos (81,5%), Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (80,9%) e Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (77,7%).
“Observando as empresas dos setores mais inovadores, verifica-se que as proporções das inovações de produto foram maiores do que as de processo de negócios”, explica o gerente.
Mesmo sendo maioria dentre as empresas industriais inovadoras em 2023, as que adotaram um processo de negócios novo ou aprimorado (51,0%) eram proporcionalmente mais presentes em 2022 (53,9%) e 2021 (57,9%). Houve redução relativa na proporção de empresas inovadoras em todas as categorias de processo de negócios em relação ao ano anterior. A exceção foi Produção de bens ou fornecimento de serviços, que passou de 27,7% em 2022 para 29,4% em 2023, tornando-se a segunda categoria de inovações de processo de negócios mais utilizada pelas empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas.
Já as empresas inovadoras em produto tiveram redução de 2021 (50,5%) para 2022 (47,3%), mas cresceram em 2023 (48,0%). Quando se analisa o grau de novidade da principal inovação em produto, 68,0% dos produtos inovadores foram novos apenas para a própria empresa em 2023, percentual praticamente igual ao observado no ano anterior (68,1%). Ocorreu, porém, aumento na proporção de produtos novos para o mercado nacional (de 26,4% em 2022 para 27,6% em 2023), em detrimento das empresas que relataram terem introduzido produtos novos para o mercado mundial (caiu de 5,5% para 4,4% entre 2022 e 2023). De acordo com Flavio Peixoto, “houve uma simplificação dos novos produtos disponibilizados”.
Empresas de maior porte foram mais inovadoras
Comparado aos anos de 2021 e 2022, houve redução de cerca de 3,5 p.p. na quantidade de empresas inovadoras em todas as faixas de pessoal ocupado em 2023. A PINTEC Semestral também mostrou que as taxas de inovação continuam proporcionais ao tamanho das empresas, considerando as faixas de pessoal ocupado. As empresas de menor porte (de 100 a 249 pessoas ocupadas) tiveram taxa de inovação (59,3%) menor do que a observada na faixa de 250 a 499 pessoas ocupadas (70,8%) que, por sua vez, foi menor do que a das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas (73,6%).
Empresas industriais de médio e grande porte investiram R$ 38,3 bilhões em P&D em 2023
Em 2022, as empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram 38,3 bilhões em atividades internas de P&D. As empresas inovadoras da Indústria de transformação foram responsáveis por 86,4% desse valor (R$ 33,0 bilhões) e as das Indústrias extrativas, por 13,6% (R$5,2 bilhões).
Em 2022, foram gastos R$ 36,8 bilhões em P&D. Em termos nominais, houve aumento nos gastos das Indústrias de transformação, que foram de R$ 30,7 bilhões em 2022, e queda nas Indústrias extrativas (R$ 6,0 bilhões em 2022). “Essa queda nas extrativas pode representar pouco no valor total, mas é importante, pois são poucas empresas e que gastaram cerca de R$1 bilhão a menos de um ano para o outro”, ressalta Peixoto.
Ainda que a maior parte do investimento em P&D estivesse concentrada nas grandes empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas (84,6%), percebe-se uma perda relativa de participação em relação ao ano anterior (86,3%). Por outro lado, a participação de empresas de 100 a 249 pessoas ocupadas na distribuição dos dispêndios de P&D passou de 5,9% em 2022 para 7,9% em 2023. As empresas intermediárias, de 250 a 499 pessoas ocupadas, apresentaram relativa estabilidade.
“Historicamente, as grandes empresas sempre gastaram mais, mas o aumento na participação das empresas menores nos dispêndios mostra que elas estão se engajando mais e gastando mais em P&D. Ainda é pouco, mas pensando nas características dessas empresas, é um crescimento bem interessante que mostra mudança, ainda tímida, na dinâmica inovativa”, analisa o gerente.
34,3% das empresas investiram em P&D
Quanto à proporção de empresas industriais que investiram em P&D interno, em relação ao total da indústria, o cenário foi de estabilidade, saindo de 34,4% em 2022 para 34,3% em 2023.
Os setores que mais se destacaram na proporção de empresas que investiram em P&D foram Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (67,8%), Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (66,9%), Fabricação de produtos químicos (63,0%).
“Comparados às taxas de inovação em produto, os três principais segmentos foram os mesmos que apresentaram as maiores proporções de empresas inovadoras em produto, evidenciando a importância das atividades de P&D no desenvolvimento de produtos novos e aprimorados”, observa Flavio.
Analisando a distribuição do dispêndio por setores, os setores que mais investiram em P&D interno foram: Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (17,4%), Indústrias extrativas (13,6%), Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,7%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (10,5%) e Fabricação de produtos químicos (8,8%). Juntos, representaram mais de 60% do total dos gastos em 2023.
Apoio público foi menos utilizado pelas empresas inovadoras em 2023
Os mecanismos de apoio público disponíveis foram menos usados pelas empresas inovadoras em 2023: 36,3% utilizaram algum instrumento de auxílio público para suas atividades de inovação, proporção menor do que a observada no ano anterior (39,0%).
Assim como nos outros anos, o mecanismo de apoio público proporcionalmente mais utilizado em 2023 foi o Incentivo fiscal à pesquisa e desenvolvimento e inovação tecnológica, disposto na Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005), contemplando 26,4% das empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas.
Dentre as empresas que usufruíram desse instrumento, as de maior porte foram as maiores beneficiadas (utilizado por 48,6% das empresas inovadoras com 500 ou mais pessoas ocupadas, por 27,6% das empresas de 250 a 499 pessoas ocupadas e por 16,6% das empresas inovadoras de 100 a 249 pessoas ocupadas).
Instabilidade econômica, concorrência e escassez de recursos foram os principais obstáculos para empresas inovadoras
Em 2023, 47,6% das empresas inovadoras enfrentaram obstáculos para inovar. Para a maior parte, a principal dificuldade foi a instabilidade econômica (44,2%), seguida pelo acirramento da concorrência (41,4%) e capacidade limitada de recursos internos (42,1%).
Quase metade das empresas espera aumentar gastos com P&D em 2025
Em 2025, 49,1% das empresas inovadoras pretendem expandir seus investimentos em P&D na comparação com 2024. Já 48,8% das empresas têm intenção de manter os dispêndios de 2024 em 2025, ao passo que 2,1% delas têm a intenção de diminuir os investimentos.
Mais sobre a pesquisa
De caráter experimental, a pesquisa, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, investigou as empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas. O objetivo é traçar o retrato da inovação no Brasil, levantando informações referentes ao investimento empresarial em ciência, tecnologia e inovação no país.
A PINTEC Semestral é anual (relativa ao ano anterior ao da coleta), com duas investigações semestrais. No primeiro semestre, investigam-se indicadores temáticos rotativos e, no segundo, indicadores básicos de inovação e P&D. Seu objetivo é complementar a tradicional Pesquisa de Inovação do IBGE (PINTEC) – já com sete edições realizadas de forma ampla a cada três anos, desde 2000, e que continuará a ser editada.
Fonte: Agência de Notícias – IBGE
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