terça-feira, abril 29, 2025
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IBGE lança nova edição da Revista Brasileira de Geografia

O IBGE disponibiliza a partir de hoje (29) o segundo número do volume 69 da Revista Brasileira de Geografia (RBG). A publicação traz um total de sete artigos: dois de submissão contínua, abordando a questão urbana, e cinco do Dossiê Jalapão, escrito por uma equipe de professores/pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que se propôs a realizar, em 2023, um trabalho de campo refazendo o percurso realizado em 1943 por uma equipe de técnicos do Conselho Nacional de Geografia (CNG), da qual fez parte o então estagiário e estudante de graduação em Geografia, o geógrafo Pedro Geiger.

“É muito gratificante constatar que estamos numa instituição presente de forma tão marcante na formação do Estado brasileiro, e que mantemos vivo o periódico que guarda registros tão importantes do trabalho do IBGE, como é o caso do artigo aqui publicado em 1943, que serviu de guia para a expedição de 2023. Os resultados do novo trabalho de campo nos permitem fazer comparações entre as duas expedições. Todos os artigos do Dossiê Jalapão, portanto, têm especial significado nessa edição da RBG”, explica a editora-executiva da revista, Maria Lúcia Vilarinhos.

Intitulado “Rede de Cidades e Desenvolvimento Regional no Brasil: uma leitura econômico-espacial em duas escalas”, o primeiro artigo aborda as cidades como fatores de articulação de espaços regionais. Os autores Bárbara Cobo Soares (IBGE/ENCE) e Lucas Linhares (ENCE) buscam caracterizar a distribuição de cidades-polo na rede urbana regional, partindo de Regiões Intermediárias (IBGE 2017), recorrendo a análises, conceitos e recortes territoriais da pesquisa Região de Influência das Cidades – REGIC 2018 (IBGE 2020), dados de Contas Nacionais/PIB municipal (IBGE 2020) e do Censo 2022 referentes à distribuição da população no território. O objetivo do estudo é oferecer elementos para a identificação de áreas prioritárias a receberem subsídios e políticas públicas visando ao desenvolvimento regional. “Esse trabalho é uma importante reflexão sobre o papel de cidades-polo na irradiação do desenvolvimento econômico em seu entorno imediato. Tal tipo de análise, sobre a relevância de determinados recortes territoriais para a compreensão de dinâmicas espaciais de vetores econômicos, é fundamental para a eficácia de políticas públicas regionais”, acrescenta Maria Lúcia.  

O segundo artigo da revista, “Gestão urbana enquanto ciência social: uma revisão integrativa das sociopolíticas às tecnopolíticas urbanas”, de Georgia Miroslau Galli Natal, doutoranda em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, faz uma revisão bibliográfica das literaturas que abordam a gestão urbana enquanto fenômeno social, tentando fazê-lo de forma integrada àquelas que discutem o mesmo tema a partir de premissas sociopolíticas e tecnopolíticas. Através dessas leituras, o artigo pretende identificar os impactos do espaço urbano e suas transformações sobre as populações que vivem nesses territórios.

Outro destaque do novo número da RBG é o Dossiê Jalapão, que apresenta cinco artigos escritos por uma equipe de professores/pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2023, eles fizeram novamente o percurso do trabalho de campo realizado em 1943 por uma equipe de técnicos do então Conselho Nacional de Geografia. Um dos integrantes daquele grupo era o centenário geógrafo carioca Pedro Geiger, na época estagiário e estudante de graduação em Geografia. Conheça mais sobre ele aqui.

A expedição de 2023 e a publicação do Dossiê comemoram os 80 anos daquele feito. O trabalho de campo realizado em 1943 resultou em publicação na Revista Brasileira de Geografia. “Expedição ao Jalapão”, de autoria do engenheiro Gilvando Simões Pereira, está disponível neste link: Expedição ao Jalapão | Revista Brasileira de Geografia.

No Dossiê Jalapão, o artigo “De guerras, vazios e traficâncias: a mobilização do território do Jalapão”, de Vinicius Burle Ferreira Araujo Cruz e Letícia Parente-Ribeiro, questiona a ideia do Jalapão (TO) como um território de espaços vazios, demonstrando, a partir de mapas, relatos de viagens e dados oficiais, a dinâmica espaço-temporal de uma região atravessada por deslocamentos populacionais e rotas comerciais.

Em “Escavações, recordações e expedições geográficas”, Rafael Augusto Andrade Gomes analisa os preparativos da expedição, buscando a compreensão dos objetivos que a orientavam, a partir de relatórios e registros das reuniões técnicas que a antecederam, e das divulgações na imprensa da época abordando a expedição e a região do Jalapão em si.

Ana Brasil Machado e Telma Mendes da Silva, autoras de “Paisagens do Jalapão: percurso pelas imagens de 1943 e 2023”, discorrem sobre a importância do uso, análise e interpretação de imagens para o campo dos estudos geográficos. O artigo analisa as mudanças, tanto no uso e ocupação do espaço, quanto nas escolhas e enquadramentos que foram realizados nos dois trabalhos de campo (1943 e 2023), além de destacar as transformações decorrentes dos recursos técnicos disponíveis para as representações.

Já “Fronteiras e margens, um modo de ver e aprender o Jalapão (TO)”, escrito por Gisela Pires do Rio, aborda o olhar de Pedro Geiger ainda em início de carreira, analisando as descrições e análises por ele produzidas em seu relatório sobre o trabalho de campo de 1943. A proposta do artigo é explorar termos e conceitos que revelam diferentes temporalidades na análise do espaço, assim como a própria dinâmica da transformação regional imposta pela ocupação do território.

Por fim, em “Jalapão, paisagem liminar: um ensaio sobre formas e desorientações geográficas”, Marcos Paulo Ferreira de Góis também parte da comparação entre os percursos dos dois trabalhos de campo, dessa vez para discutir o que identifica como “desorientações geográficas”, destacando a mudança no centro das observações que, em 2023, apontam para a ocupação da região do MATOPIBA.

Os autores do Dossiê Jalapão, o Conselho Editorial da RBG e todo o corpo técnico da Coordenação de Geografia do IBGE homenageiam a geógrafa, antropóloga e professora Ana Maria Lima Daou, que nos deixou em janeiro de 2024. “Ela teve uma atuação marcante como professora e pesquisadora fortemente ligada às questões da paisagem, do trabalho de campo e da importância do ensino de Geografia, se formando em Geografia na PUC-Rio e com mestrado e doutorado em Antropologia Social na UFRJ. Sua atuação profissional buscou sempre o estreitamento na relação entre esses dois campos do conhecimento. Além disso, publicou dois livros muito importantes sobre os impactos da extração da borracha no Amazonas, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX: ‘A Belle Époque Amazônica’ (2000) e ‘A cidade, o Teatro e o ‘Paiz das Seringueiras’: práticas e representações da sociedade amazonense na passagem do século XIX-XX’ (2014), que estamos usando na produção do volume ‘Amazônia’ do Atlas das representações literárias de regiões brasileiras”, lembra Maria Lúcia.       

Sobre a RBG

Editada pelo IBGE, a Revista Brasileira de Geografia (RBG) é uma das mais antigas e respeitadas publicações técnico-científicas brasileiras na área de Geografia e ciências afins. Com pequenas interrupções, a RBG foi publicada quadrimestralmente por quase 70 anos, entre 1939 e 2006, sendo considerada um periódico de referência. Muitos de seus artigos abriram importantes fronteiras de conhecimento, tornando-se clássicos, tanto no país quanto no exterior. Em 2016, o Instituto voltou a publicar a revista em novo formato, como edição eletrônica semestral.

Fonte: Agência de Notícias – IBGE

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