sexta-feira, março 14, 2025
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Nick Cave reflete sobre comentário maldoso que fez a respeito do RHCP e anuncia colaboração com Flea

“Sempre que estou perto de um aparelho de som e pergunto: ‘Que lixo é esse?’, a resposta é sempre ‘os Red Hot Chili Peppers””. Essa frase dita pelo cantor e compositor Nick Cave virou uma espécie de piada recorrente na Internet, sempre ressurgindo nas redes sociais.

Agora, cerca de 25 anos depois, o respeitado músico, e uma pessoa bem diferente daquela de tempos atrás, falou sobre a declaração que o persegue mostrando-se arrependido. Como se não bastasse, o cantor também anunciou que gravou uma colaboração musical com Flea, o baixista da banda, que está preparando um trabalho solo.

Cave tem um site pessoal, o Red Hand Files, onde publica textos e responde cartas de seus fãs. Curiosamente, uma das pessoas que levaram o músico a tratar do polêmico assunto foi uma brasileira,identificada como Beatriz.

En sua mensagem, a moradora de Olinda contou para Nick que sua melhor amiga lhe disse algo muito maldoso que a deixou magoada. A fã disse estar furiosa. “Como eu consigo perdoá-la? O que devo fazer?”. Outro usuário do site, Brendan, de Washington DC, quis saber mais especificamente sobre a declaração sobre o RHCP e Cave usou as duas cartas para tratar do assuno.

Vale a pena ler a íntegra da resposta dada pelo músico:

Há cerca de vinte e cinco anos, eu fiz um comentário improvisado e nada caridoso sobre o Red Hot Chili Peppers. Não houve intenção de malícia, foi apenas o tipo de coisa desagradável que eu diria naquela época para irritar as pessoas.

Eu era um encrenqueiro, um agitador de merda, me sentindo mais à vontade no papel de irritante social. Talvez seja uma característica australiana entre as pessoas da minha geração. Não sei, mas esse comentário me perseguiu pelo último quarto de século.

O aspecto mais interessante de tudo isso não foi o que eu disse sobre os Chili Peppers, mas sim a resposta de Flea, o baixista da banda. No Facebook, ele expressou o quão magoado se sentiu com meu comentário, mas continuou dizendo, em grandes detalhes, ele amava minha música de qualquer maneira. Ele escreveu uma carta de amor profundamente generosa e de coração aberto para Nick Cave.

Lembro-me de ter ficado genuinamente comovido com suas palavras e de pensar em como Flea era um cara elegante, e sentir em algum nível subterrâneo que eu não conseguia compreender totalmente naquele momento da minha vida, que Flea era um ser humano de um calibre totalmente diferente, na verdade, de uma ordem superior.

Ao longo dos anos, eu me encontrei com Flea em festivais onde nossas duas bandas estavam se apresentando e o via nos bastidores quando tocávamos em Los Angeles. Embora não tenhamos nos tornado amigos próximos, meus encontros com ele sempre foram agradáveis ​​— havia uma presença em Flea que parecia genuína e estranhamente comovente.

Na turnê do álbum “Push the Sky Away”, perguntamos a Flea se ele poderia montar um coral infantil com alunos do Silverlake Conservatory of Music, que ele fundou, para acompanhar os Bad Seeds (a banda de apoio de Cave) no Coachella Festival.

Quando Warren Ellis e eu estávamos na turnê “Carnage”, pedimos a Flea para se juntar a nós e tocar a música “We No Who U R”. Ver Warren e Flea se apresentando juntos com tanto coração e consideração mútua foi uma visão gloriosa.

Na semana passada, Flea me enviou uma música e perguntou se eu gostaria de adicionar alguns vocais. Era para um “disco de trompete” que ele está gravando. Não cabe a mim divulgar que canção era essa, apenas que é uma canção que eu estimo mais do que a maioria das outras, com indiscutivelmente a melhor letra já escrita. Uma música de tal estima que eu nunca teria ousado cantá-la se Flea não tivesse me pedido.

Fui ao estúdio na quarta-feira e gravei meus vocais. A faixa surgiu como uma bela conversa entre o trompete de Flea e minha voz, cheia de desejo e amor, a música transcendendo suas partes individuais e se tornando uma dança cósmica em evolução lenta, na forma de uma reconciliação e um pedido de desculpas.

Meu amigo, o artista Thomas Houseago, contou uma história envolvendo Flea. Anos atrás, Flea e sua filha, além de Thomas, e um guia estavam fazendo uma trilha pelo interior de Yosemite (…) quando um urso apareceu no caminho deles. Todos congelaram. O animal estava a cerca de três metros de distância.

Era um grande urso preto com um tom avermelhado. Thomas e o guia seguraram os mastros de suas barracas, talvez para se defenderem no caso de ataque. Flea, no entanto, deu um passo à frente, ficou diante do urso e falou com o animal. Ele reconheceu que eram visitantes no território do urso, expressou seu amor pelo urso e pediu permissão para continuar pela trilha. O urso saiu do caminho e permitiu que eles passassem.”

No final da carta, ele se dirige a Beatriz. “Espero que esta carta seja útil e ajude a responder sua pergunta e fornecer uma solução” e assina: “Com amor, Nick”.

  vagalume.com

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