Pela nona vez seguida os preços da indústria nacional registraram crescimento, com ganho de 0,94% em outubro de 2024 frente a setembro último. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, acumula alta de 5,89% em 12 meses, enquanto o acumulado no ano ficou em 6,46%. Em outubro de 2023, a taxa mensal havia sido de 1,07%.
Em outubro de 2024, 15 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações positivas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em setembro deste ano, 17 atividades haviam apresentado maiores preços médios em relação a agosto. Os dados foram divulgados hoje (28) pelo IBGE.
“O resultado do IPP em outubro, com a nona alta consecutiva, representa uma aceleração do índice positivo visto em setembro (0,62%). O cenário é bastante diferente daquele que observamos em 2023, quando nos dez primeiros meses o IPP acumulava uma queda de 4,47%. A alta do dólar teve importante papel no IPP em outubro, ajudando a explicar o comportamento de vários setores. O aumento de preço da moeda americana, que em outubro foi de 1,5% e no ano já chega a 14,8%, impacta direta e indiretamente os preços na indústria”, destaca Murilo Alvim, analista do IPP.
As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de outubro foram alimentos (0,46 p.p.), indústrias extrativas (0,34 p.p.), metalurgia (0,14 p.p.) e veículos automotores (0,06 p.p.).
Em termos de variação, indústrias extrativas (7,84%), impressão (2,56%), madeira (2,42%) e metalurgia (2,24%) foram os destaques em outubro.
O setor de alimentos (1,81%) mostrou variação positiva pelo sétimo mês seguido, menor do que a registrada em setembro (3,60%). O acumulado no ano está em 9,39%, diferente do que foi observado em outubro de 2023, quando a variação acumulada atingiu -3,89%. Vale destacar que o mês de outubro mais recente a mostrar resultado superior ao de 2024 foi em 2021. Naquela ocasião, o acumulado no ano foi de 15,70%. Já em relação à variação acumulada em 12 meses, o resultado de 10,64% registrado em outubro de 2024 foi inferior ao de setembro (10,82%). Dentre as 24 atividades analisadas pela pesquisa, a atividade de alimentos foi a de maior influência nos três indicadores citados.
“Essa dinâmica da indústria de alimentos pode ser explicada pelo maior preço das carnes, em especial as bovinas. Há uma menor oferta de animais para abate, devido ao clima seco em algumas regiões com criação de gado, e ao aumento das exportações, que reduzem a oferta no mercado interno. Com o aumento do valor das carnes bovinas, o consumidor busca outras carnes, fazendo com que os preços das outras carnes também subam. Além disso, os derivados da soja, especificamente o óleo bruto e o refinado, que estão com uma oferta retraída internamente no país e uma demanda aquecida no mercado externo, contribuíram para a elevação dos preços”, explica Murilo.
A atividade de indústrias extrativas (7,84%) voltou a apresentar um comportamento positivo, o mais expressivo desde janeiro de 2023 (9,62%). De setembro para outubro, a variação de preços do setor foi a mais intensa entre todas as pesquisadas. Em termos de influência, ficou na segunda posição (0,34 p.p.). “O desempenho das indústrias extrativas reflete as intensas altas nos dois produtos com maior peso na atividade, óleo bruto de petróleo e minério de ferro. A alta acompanhou a cotação dessas commodities no mercado internacional. Cabe ressaltar que apesar do forte resultado positivo em outubro, o setor extrativo está no caminho oposto ao do IPP nos indicadores de longo prazo”, observa Murilo.
Em terceiro lugar no ranking de influências em outubro deste ano, o setor de Metalurgia (0,14 p.p.) apresentou variação positiva de preços nesse mês (2,24%). Nos primeiros dez meses de 2024, a atividade acumulou uma alta de 18,90%, se destacando como a maior variação e segunda maior influência (1,10 p.p. em 6,46%) nesse indicador dentre todas as atividades pesquisadas. O mesmo ocorreu no acumulado em 12 meses, com crescimento de 17,68% nos preços. Murilo Alvim lembra que “dos quatro produtos de maior influência na variação mensal, todos apresentaram resultados positivos este mês e são do grupo de metais não ferrosos (“ouro para usos não monetários”, “óxido de alumínio (alumina calcinada)”, “alumínio não ligado em formas brutas” e “chapas e tiras, de alumínio, de espessura superior a 0,2mm”)”. Juntos, esses quatro produtos geraram impacto de 1,80 p.p., enquanto os outros 20 somados tiveram influência de 0,44 p.p.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de setembro para outubro de 2024 repercutiu da seguinte forma: 0,92% de variação em bens de capital (BK); 0,81% em bens intermediários (BI); e 1,14% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,68%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de 1,23%. Os bens intermediários foram os que mais influenciaram o IPP em outubro, enquanto os bens de consumo foram responsáveis pela maior variação nesse mês.
Saiba mais sobre o IPP
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a novembro, será em 7 de janeiro de 2025.
Fonte: Agência de Notícias – IBGE
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