A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 299,6 milhões
de toneladas em 2024, segundo a estimativa de abril do Levantamento Sistemático
da Produção Agrícola (LSPA), divulgada hoje (14) pelo IBGE. Isso representa uma
produção 5,0% menor do que a obtida no ano passado (315,4 milhões de toneladas).
Na comparação com a estimativa de março, houve um aumento de 0,4% ou de 1,2
milhão de toneladas.
A produção de soja, principal commodity do país, cresceu 0,9% na comparação com
o previsto em março e deve chegar a 148,3 milhões de toneladas. Essa quantidade
equivale a uma retração de 2,4% na comparação com o total produzido no ano
passado.
Os efeitos causados pelo fenômeno climático El Nino, caracterizado pelo excesso
de chuvas nos estados da Região Sul e falta de chuvas regulares com elevadas
temperaturas no Centro-Norte do Brasil, trouxeram, como consequência, uma
limitação no potencial produtivo da leguminosa em boa parte das unidades da
federação produtoras.
O destaque positivo ficou por conta do Rio Grande do Sul, como pontua o gerente
da pesquisa. “Quando falamos da soja, mais especificamente do Rio Grande do Sul,
há uma recuperação neste início do ano após um período de seca que afetou três
safras. Já no verão de 2023 para 2024, choveu bastante, causando um aumento na
produção da soja e do milho primeira safra. Portanto, a produção da soja está se
recuperando quando olhamos para a estimativa feita em abril, analisando essa
primeira parte do ano”, avalia o gerente do LSPA, Carlos Barradas.
A produção do milho, quando consideradas as duas safras, caiu 0,3% na comparação
com o estimado no mês anterior e deve somar 115,8 milhões de toneladas em 2024,
ficando 11,7% menor do que o produzido em 2023, uma queda de 15 milhões de
toneladas.
“A produção do milho no Brasil apresentou queda principalmente por conta do
preço, que caiu muito e desestimulou seu plantio na 2ª safra. Importante
destacar também que o milho 1ª safra enfrentou problemas climáticos em alguns
estados com poucas chuvas e muito calor. Uma das consequências, como já vínhamos
destacando em outras divulgações, é que alguns produtores deixaram de lado essa
produção para plantar algodão, o que também resultou em recordes de produção de
algodão”, lembra o pesquisador do IBGE.
Já a safra do arroz deve crescer 2,0% na comparação com o produzido do ano
passado. A estimativa foi 0,3% maior em relação ao previsto em março, alcançando
10,5 milhões de toneladas. Juntos, a soja, o milho e o arroz respondem por 91,6%
da produção de grãos no país.
“Esse crescimento deve-se, principalmente, ao aumento na área plantada, que
subiu 3,7%. O arroz é plantando durante a safra de verão e sofre uma
concorrência muito grande com a soja, principal cultura brasileira. Como os
preços do arroz subiram nos últimos meses, houve também um aumento de área
plantada em detrimento da soja em algumas localidades. Isso ajuda a explicar o
crescimento de 2,0% na produção do arroz em relação ao ano passado”, destaca
Barradas.
A estimativa de abril para a produção do sorgo foi de 4,0 milhões de toneladas,
aumento de 6,6% com relação ao previsto em março e redução de 6,8% em relação ao
obtido na safra 2023.
“Uma característica importante do sorgo é que ele é mais ‘rústico’, precisa de
menos água. Portanto, quando o produtor perde a janela de plantio do milho de 2ª
safra, ele acaba plantando o sorgo, pois esse grão suporta mais a falta de
umidade. O aumento em relação à estimativa de março pode ter sido dado por
alguns produtores, em algumas regiões, terem perdido a janela de plantio do
milho de 2ª safra”, diz o gerente da pesquisa.
A estimativa da produção de feijão para 2024, considerando-se as três safras,
cresceu 0,1% em relação ao mês anterior e deve alcançar 3,3 milhões de
toneladas, um aumento de 11,1% em relação a 2023.
“É interessante observar que a produção do feijão atende tranquilamente o
consumo brasileiro. O destaque vai para a 2ª safra, que já é a mais importante
do Brasil e está em 1,6 milhão de toneladas, com o estado do Paraná sendo
responsável por quase metade desse total, com 49,8% da produção”, salienta o
gerente do LSPA.
Mato Grosso segue na liderança da produção nacional de grãos
Na distribuição da produção pelas Unidades da Federação, o Mato Grosso lidera
como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 28,0%, seguido pelo
Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul
(8,3%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,2% do total.
Regionalmente, o Centro-Oeste (47,2%) lidera esse ranking, enquanto as demais
regiões têm as seguintes participações: Sul (28,9%), Sudeste (9,2%), Nordeste
(8,7%) e Norte (6,0%).
As principais variações absolutas positivas nas estimativas da produção, em
relação ao mês anterior, ocorreram em Goiás (1.279.774 t) e no Pará (998.575 t).
As variações negativas ocorreram no Paraná (-801.000), em São Paulo (-442.380 t)
e em Minas Gerais (-96.291 t).
Sobre o LSPA
Implantado em novembro de 1972 com o propósito de atender às demandas de
usuários por informações estatísticas conjunturais mensais, o LSPA fornece
estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento
médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e
social para o país. Ele permite não só o acompanhamento de cada cultura
investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano
civil de referência, como também o prognóstico da safra do ano seguinte, para o
qual é realizado o levantamento nos meses de outubro, novembro e dezembro.
Acesse os dados no Sidra. A
próxima divulgação do LSPA, relativa a maio, será em 13 de junho.
Com relação à calamidade pública no Rio Grande do Sul e os resultados do LSPA
para o mês de maio, o IBGE ressalta que será necessário esperar a evolução dos
acontecimentos e verificar como a transmissão de informações para o Instituto
vai se comportar ao longo do mês para estimar os possíveis impactos em termos de
geração de resultados e da publicação de indicadores relativos ao Rio Grande do
Sul, e a participação deste em indicadores nacionais. Confira o comunicado na
íntegra aqui.
Fonte: http://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40080-noticia-lspa-abril.html